AFP
O juiz a cargo do histórico julgamento que o ex-presidente Donald Trump enfrenta em Nova York já selecionou sete dos 12 jurados que decidirão o destino do magnata, a quem advertiu, nesta terça-feira (16), que não vai tolerar "intimidações" na sala.
"Não vou permitir que nenhum membro do júri seja intimidado nesta sala", disse, taxativo, o juiz Juan Merchan, quando uma candidata foi obrigada a dar explicações sobre um vídeo publicado no Facebook que motivou um comentário do bilionário.
Em um processo que parece avançar mais rápido do que o previsto, no fim da tarde desta terça o juiz já tinha selecionado e tomado o juramento de sete dos 12 membros do júri, além de seis suplentes, que vão decidir o destino do republicano neste julgamento midiático que leva pela primeira vez na História do país um ex-presidente ao banco dos réus para responder a um processo penal.
Os eleitos até o momento são profissionais de diferentes áreas, que foram submetidos a um processo de seleção no qual foram consultados sobre seu trabalho, onde moram, sua situação familiar, se tomam medicamentos que podem afetar sua concentração, que jornais leem ou quais as redes sociais que utilizam, ou se sentem-se capazes de julgar com equidade um caso altamente midiatizado e politizado.
Tanto a Promotoria quanto a defesa podem recusar dez candidatos cada uma de uma seleção previamente feita pelo juiz.
As audiências para definir a composição do júri serão retomadas na quinta-feira.
Se tudo avançar como até agora no Supremo Tribunal de Manhattan, espera-se que na segunda-feira sejam apresentadas as alegações iniciais de acusação e defesa.
Se for considerado culpado, o que exige uma decisão unânime do júri, Trump, candidato republicano às presidenciais de 5 de novembro, pode ser condenado a quatro anos de prisão.
A Promotoria de Manhattan acusa o bilionário republicano de 34 falsificações de documentos contábeis da empresa da família, a Trump Organization, para camuflar o pagamento de 130 mil dólares (pouco mais de R$ 670 mil na cotação atual) à ex-atriz pornô Stormy Daniels.
O objetivo, segundo a acusação, era comprar seu silêncio sobre um antigo caso extraconjugal - que Trump sempre negou - na reta final de sua campanha à Casa Branca em 2016, quando ele derrotou a democrata Hillary Clinton.
- Campanha no Harlem -
Visivelmente contrariado e inclusive entediado, Donald Trump, de 77 anos, lamentou estar passando por um processo que considera "manipulado", enquanto o presidente democrata Joe Biden, seu adversário nas eleições de novembro, segue em campanha.
"Eu deveria estar neste momento na Pensilvânia, na Flórida, em muitos outros estados – na Carolina do Norte, na Geórgia fazendo campanha", disse Trump à imprensa ao chegar ao tribunal, acusando Biden de orquestrar uma cruzada judicial contra ele.
Al final de una intensa jornada, Trump se dirigió a Harlem, barrio hispano del norte de Manhattan, donde visitó a la víctima del ataque a una tienda de comestibles. Saludado por sus seguidores con cánticos de "Cuatro años más", acusó al fiscal de Manhattan, Alvin Bragg, de "no hacer nada" contra los criminales y, en cambio, de atacarlo a él.
Trump cree que el sistema de justicia de Nueva York, ciudad de tendencia demócrata, está conspirando contra él, en particular el juez, al que ha pedido en repetidas ocasiones que se aparte del caso.
La víspera, Trump condenó al juez que le obligó a asistir a todas las audiencias (cuatro días a la semana) y que no le permitió acudir a la graduación de su hijo ni a una audiencia que le afecta en el Tribunal Supremo la próxima semana.
- Polarización creciente -
Un veredicto de culpabilidad no le impediría presentarse a las elecciones. Pero, además de impedirle hacer campaña con normalidad, sin duda podría afectar a sus posibilidades de ganar, aunque hasta ahora ha estado utilizando su presencia en los tribunales para dar visibilidad a su mensaje electoral.
"La polarización no hace más que aumentar. La actitud de los votantes indecisos ante todo esto es incierta, pero [la presencia de Trump en los tribunales] podría disuadirlos", dice a la AFP John C. Coffee, profesor de la Universidad de Columbia.
Este es uno de los muchos frentes abiertos del magnate neoyorquino que hizo fortuna en el sector inmobiliario.
Trump también está acusado de intentar revertir los resultados de las elecciones presidenciales de 2020 y de tomar documentos confidenciales cuando abandonó la Casa Blanca.
El juicio por interferencia electoral estaba previsto para el 4 de marzo, pero fue suspendido para que la Corte Suprema pudiera analizar la afirmación de que, como expresidente, Trump tenía inmunidad penal, que estaba previsto para el 25 de abril.
Sus abogados están tratando de retrasar los procedimientos legales hasta después de las elecciones de noviembre, cuando, si gana, se podrían retirar los cargos federales en su contra.
sst-arb-af/dga/jc/aa/rpr/mvv/am/ic
© Agencia France-Presse